(1) Em
primeiro lugar, muita gente não entende a Bíblia por causa de atitudes
impróprias. Alguns não amam a verdade (2 Tessalonicenses 2:10-12); outros
resistem deliberadamente às verdades nelas contidas (2 Timóteo 3:8 e João
7:17); outros ainda, manipulam as passagens difíceis, fazendo com que ensinem
coisas que passagens mais fáceis mostram não ser a verdade (2 Pedro 3:16).
(2)
Algumas pessoas não entendem a Bíblia por não saberem a diferença que existe
entre os dois testamentos. Sabemos que os cristãos não se encontram
sob as leis do Velho Testamento, mas sob as do Novo Testamento (Jeremias 31:31;
Hebreus 8:6-13; 9:15-17 e Colossenses 2:14-16).
(3)
Algumas pessoas não reúnem todas as evidências de um determinado assunto antes
de chegar a uma conclusão. Isto inclui o estudo da passagem nos seu contexto e
na colocação histórica, além das passagens paralelas referentes ao assunto.
Por
exemplo, a Grande Comissão de Jesus Cristo aos seus discípulos é encontrada em
três lugares diferentes: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15-16 e Lucas 24:46-48.
Se
a narração de Lucas for tomada isoladamente, alguém poderá concluir que a fé
não é necessária para a salvação, uma vez que a passagem não fala de fé.
Se
Marcos 16:15-16 for tomado isoladamente, é possível concluir que o
arrependimento não é necessário, já que o mesmo não é citado nessa passagem.
O
fato é que a fé, o arrependimento e o batismo são todos necessários para a
salvação. A fim de obter esta verdade completa, devemos estudar as três
passagens e não só uma delas.
(4) Em
quarto lugar, alguns não entendem a Bíblia porque não estudam nem leem a mesma
como fariam com outros livros. Eles consideram a Bíblia misteriosa quando, na
realidade, ela ensina e transmite informações como qualquer outro livro. A
Bíblia ensina ou autoriza de três maneiras:
a) A
Bíblia transmite a vontade de Deus aos homens através de uma ordem ou
declaração direta. Se você recebesse uma carta de seu patrão dizendo que
viajasse para a Europa, saberia que tinha de ir para lá. Por que? Porque você
recebeu uma ordem ou declaração direta. Deus transmite da mesma forma ao homem
o seu desejo de que ele ame ao seu próximo, através de uma ordem ou declaração
direta (Mateus 7:12).
b) A
Bíblia transmite a vontade de Deus ao homem mediante uma inferência natural ou
conclusão lógica.
Se você recebesse uma carta de um amigo dizendo que ele
estaria no Rio de Janeiro num determinado dia e hora, por inferência natural e
lógica chegaria à conclusão de que ele não se acharia em Buenos Aires àquela
mesma hora. Você tiraria essa conclusão ainda que ele não dissesse
expressamente que não iria estar em Buenos Aires.
A Bíblia utiliza este método
em seus ensinamentos. Assim também, desde que Jesus disse aos seus apóstolos
para batizar os crentes, aprendemos por conclusão lógica que os que ainda não
tiverem capacidade mental para crer em Cristo (as crianças pequenas, por
exemplo) não devem ser batizadas (Marcos 16:16).
c)
A Bíblia dá instruções por meio de exemplos aprovados.
Se uma dona-de-casa
lesse uma revista que alguém fez um bolo muito saboroso seguindo uma certa
receita, ela poderia concluir que obteria o mesmo resultado usando a mesma
receita.
A Bíblia nos diz igualmente o que devemos fazer para contentar a Deus,
mostrando-nos certos exemplos aprovados de coisas que O agradaram no passado.
Por um exemplo aprovado ficou confirmado que é certo participar da Ceia do
Senhor no primeiro dia da semana (isto é, no domingo – Atos 20:7). Se seguirmos
o exemplo apostólico aprovado em Atos 20:7, também agradaremos a Deus.
À medida que estudamos a Bíblia, nosso princípio de orientação
deve ser o seguinte:
Falar quando a Bíblia fala e silenciar quando ela
silencia.
Nós só podemos ensinar como doutrina aquilo que a Bíblia autoriza por
meio de ordens ou declarações diretas, exemplos apostólicos aprovados ou conclusões
lógicas (1 Pedro 4:11).
Até o momento não tratamos daquela que é provavelmente
a razão principal dos erros no estudo bíblico: confiar em outras autoridades
além da Bíblia.