Os relatos bíblicos, constantemente, são apontados como
folclóricos e/ou fantasiosos por céticos e cientistas, mas diferentes
experimentos apontam que diversas narrativas bíblicas encontram apoio no que se
conhece sobre física e arqueologia.
O site Hypescience listou uma série de casos em que as histórias
bíblicas são corroboradas por paradigmas da ciência moderna. Confira:
Arca de Noé
A física da arca
construída por Noé a partir de uma ordem divina não é incompatível com o que se
conhece dos princípios necessários para uma embarcação. Em 2014, estudantes de
física da Universidade de Leicester, no Reino Unido, testaram as medidas da
arca relatadas no livro de Gênesis fariam a embarcação flutuar.
A ideia era comprovar se
a arca, de 300 cúbitos de comprimento, 50 de largura e 30 de altura, realmente
flutuaria. Um cúbito é o comprimento da ponta do dedo médio de uma pessoa ao
seu cotovelo. Então, os alunos padronizaram a medida como cerca de 48
centímetros, o que daria 145 metros de comprimento, 24 metros de largura e 14
metros de altura.
Segundo a Bíblia, a
madeira usada na arca foi Gofer, mas hoje ninguém conhece essa árvore.
Portanto, os estudantes julgaram que essa madeira era algum tipo de cipreste.
Com esse material, vazia, a arca pesaria aproximadamente 1,2 milhões de quilos.
Nesse ponto, calcularam
quanto peso a arca poderia aguentar sem afundar, e chegaram à conclusão de que
poderia abrigar quase 51 milhões de quilos, o equivalente a 2,1 milhões de
ovinos.
A pergunta seguinte foi
sobre as duplas de animais transportadas pela arca. “Existem até oito milhões
de espécies distintas hoje, mas a maioria poderia sobreviver a uma inundação
sem precisar da arca. Além disso, os estudiosos bíblicos notam que o Gênesis
refere-se a dois de cada ‘tipo criado’, o que provavelmente se refere a um
número menor de animais do que cada espécie distinta. Assumindo que toda a vida
aquática ficou no mar, os estudantes estimam que somente 35 mil pares de
animais tiveram que ser colocados a bordo da arca, o que ela facilmente era capaz
de aguentar. Para reduzir o espaço necessário dentro da arca, filhotes ou
espécimes jovens de grandes animais como elefantes poderiam ter sido usados”,
ponderou a jornalista Natasha Romanzoti, comentando as conclusões dos
estudantes, que comprovaram que a Arca de Noé era viável.
Jezabel
Tida como a mulher mais
perversa da Bíblia, ela é mencionada em várias passagens. Mesmo sendo fenícia,
casou-se com o rei Acabe de Israel. Adoradora de Baal, ela forjou o selo do rei
em documentos para convencer os hebreus a adorarem seu deus, e terminou jogada
de uma torre para ser devorada por cães.
Entre historiadores,
muito se questiona sobre a influência política de Jezabel, que poderia ser mais
forte que a do próprio rei, e se ela era realmente tão maldosa quanto descrito
na Bíblia.
Um selo de pedra
descoberto em Israel em 1964 é visto, hoje, como a melhor pista para responder
às dúvidas de quem pensa sobre o assunto. O ícone do selo é formado por duas
cobras, um falcão Hórus e um disco solar alado. Essas figuras foram
interpretadas pela estudiosa Marjo Korpel, especialista em Antigo Testamento,
como uma representação da realeza, e a presença da flor de lótus e uma esfinge
com uma cabeça de mulher e uma coroa sugere que o selo pertenceu a uma rainha.
“Se o selo pertenceu a Jezabel, isso significa que ela tinha seu próprio poder
político considerável”, considerou Natasha.
No princípio da
pesquisa, os arqueólogos tiveram problemas em encontrar ligações entre o selo e
a rainha Jezabel, pois as letras gravadas na pedra eram confusas, e a grafia de
seu nome parecia errada.
Porém, quando o selo foi
comparado a outros de seu tempo, verificou-se que a borda superior do selo
estava faltando, e essa parte provavelmente continha as duas letras que
faltavam para completar nome de Jezabel corretamente no idioma hebraico antigo.
Apesar de não se poder
afirmar com certeza que o selo era de Jezabel, as pesquisas deram uma mostra de
que realmente existiam mulheres poderosas no século IX A. C., e que Jezabel,
rainha, muito provavelmente era uma, da mesma forma que a Bíblia a descreve.
Caifás
O sumo sacerdote que
presidiu o julgamento de Jesus antes de entregá-lo para o governador romano
Pôncio Pilatos teve sua existência questionada. Mas, em 1990, operários que
construíam uma rodovia em Jerusalém encontraram 12 ossuários feitos de
calcário, e um deles, mais detalhado, continha a inscrição “Joseph, filho de
Caifás”.
Esse nome é próximo do
historiador judeu do primeiro século Flavius Josephus, que se referiu a Caifás
como “Joseph, que se chamava Caifás do sumo sacerdócio”. De acordo com estudos,
o ossuário guardava os restos mortais de um homem de 60 anos de idade, idade
aproximada de Caifás quando morreu.
“Os arqueólogos também
observaram que a escrita nas caixas e na parede da caverna era uma linguagem
usada pelos trabalhadores de cemitérios no primeiro século. Um dos ossuários
continha uma moeda de bronze de 43 d. C., mais uma prova de que os ossuários foram
colocados na caverna durante o primeiro século depois de Cristo”, informou
Natasha.
Piscina de Siloé
No Evangelho de João há
o relato da cura de um cego operada por Jesus, que na ocasião, usou argila nos
olhos do homem e depois lavou-os com água da Piscina de Siloé.
“A piscina foi um grande
reservatório em Jerusalém durante o Antigo Testamento, mas foi destruída por
invasores vários séculos antes de Jesus nascer. Mais tarde, foi reconstruída em
várias ocasiões, mas não havia nenhuma menção de uma versão da piscina no
primeiro século”, observa a jornalista.
No entanto, milênios
depois, operários que consertavam uma tubulação de esgoto danificada
descobriram dois degraus que levavam até uma piscina. A descoberta, em 2004,
fez com que arqueólogos fizessem escavações e descobrissem uma piscina em
formato de trapézio de cerca de 69 metros de comprimento, além de moedas e
cerâmica que remetiam à época de Jesus.
Casa de Jesus
Pesquisadores acreditam
que Jesus nasceu por volta de 4 A. C., e teria sido educado na cultura e fé
judaica, na cidade de Nazaré. O arqueólogo Ken Dark encontrou uma casa nazarena
que ele acredita que tenha sido construída no primeiro século, e supõe que
Jesus pode ter morado lá durante sua infância.
Durante a década de
1880, freiras descobriram pela primeira vez esta estrutura feita de pedra e
argamassa, erguida junto a uma encosta.
Dark usa um texto
escocês do século VI que descreve uma peregrinação à Terra Santa e inclui uma
parada em uma igreja em Nazaré “onde antes havia a casa em que o Senhor passou
sua infância”, como mais um argumento para sugerir que o local foi da família
de Jesus.
O arqueólogo frisa que,
embora não se tenha certeza de que a casa tenha sido de Jesus, os cristãos do
período bizantino acreditavam que sim, e até construíram um templo em volta
para protegê-la, o que não evitou um incêndio no século XIII, que a destruiu
parcialmente e a deixou esquecida ao longo de muitos séculos.
Muro
de Salomão
Salomão construiu um
muro para proteger Jerusalém, segundo relato do primeiro livro dos Reis. Em
2010, a arqueóloga Eilat Mazar descobriu as bases de um muro e outras
estruturas de defesa que podem ter sido construídas nos tempos de Salomão, no
século 10 A. C.
A parede com 70 metros
de comprimento e 6 de altura está em uma área de Jerusalém que é apontada como
a antiga Cidade de David, que atualmente abriga o bairro árabe de Silwan e o
Monte do Templo (que judeus buscam retomar para reconstruir o Templo de
Salomão).
A equipe da arqueóloga
encontrou partes de uma torre de guarda e uma portaria que dava acesso a uma
área nobre da cidade. Mazar diz ter convicção de que apenas Davi ou Salomão
poderiam ter erguido uma estrutura como aquela no período.
Davi
e os edomitas
A luta entre o rei Davi
e os edomitas é vista por muitos estudiosos como superdimensionada na Bíblia,
porque supõe-se que a tribo de Judá e Edom não estariam em condições de montar
grandes exércitos no período relatado.
No entanto, em 1997,
arqueólogos que pesquisavam áreas que pertenceriam a Edom (atualmente o sul da
Jordânia), encontraram evidências de uma sociedade que se beneficiou da
exploração dos minérios de cobre e desenvolveu forte poderio militar.
Com atenção na Khirbat
en-Nahas (que significa “ruínas de cobre”, em árabe), os arqueólogos concluíram
que os moradores daquela região na época não eram apenas pastores, e que os
pesquisadores poderiam ter descoberto essa informação muito antes se tivessem
expandido seus estudos para as chamadas “terras baixas” de Edom.
Os materiais encontrados
no local foram datados como contemporâneos a Davi e Salomão, o que permitiria a
uma sociedade organizada montar um exército. A produção de cobre na área
poderia ter encontrado seu ápice no século XII A. C., o que corrobora os
relatos de Gênesis 36:31, que se refere a reis em Edom antes de existirem reis
em Israel.
“A Bíblia também diz que
o rei Salomão foi escolhido por Deus para construir o primeiro templo em
Jerusalém usando centenas de toneladas de cobre. Entre as minas de Edom e
outros locais de cobre datando do século 10 A. C., é possível que Salomão
tivesse acesso a produção suficiente para construir um templo. A Bíblia também
fala sobre um rei egípcio chamado Sisaque, que invadiu a área cinco anos após a
morte de Salomão. Recentemente, um amuleto egípcio inscrito com o nome do faraó
Shesonq I (também conhecido como ‘Sisaque’) foi encontrado em uma mina de cobre
chamada Khirbat Hamra Ifdan. Os arqueólogos acreditam que esta pode ser uma
evidência das façanhas militares de Sheshonq I interrompendo a produção de
cobre edomita no século 10 A. C.”, destacou Natasha Romanzoti.
Cidadela
do rei Davi
Uma escavação feita ao
longo de 20 anos na área chamada de Cidade de Davi levou arqueólogos a
anunciarem em 2014 que haviam descoberta a “Cidadela da Primavera”, ou Cidadela
do rei Davi, uma fortaleza imponente do século 18 A. C. que protegia a Fonte de
Giom dos invasores.
As paredes possuíam 7
metros de espessura, o que restringia o acesso à fonte de dentro da cidade. “A
fim de proteger a fonte de água, eles construíram não só a torre, mas também
uma passagem fortificada”, afirmou um dos arqueólogos que conduziram os
trabalhos. “Esta estrutura muito impressionante foi operante até o final da
Idade do Ferro, e foi só quando o Primeiro Templo foi destruído que a fortaleza
caiu em ruínas e deixou de ser utilizada”.
Para os estudiosos, a
cidadela é a fortaleza conquistada por David conforme 2 Samuel 5: 6-7 relata, e
serviu para proteger a Fonte de Giom, onde Salomão foi ungido rei de Israel,
conforme 1 Reis 1: 32-34.
Golias
A cidade descrita como
natal de Golias, Gath, pode ter sido encontrada por arqueólogos. Na Bíblia, em
1 Samuel 6:17, ela é descrita como uma cidade filisteia localizada entre
Ashkelon e Jerusalém.
Uma escavação
possibilitou a descoberta de um altar de pedra de três mil anos, com chifres em
ótimo estado de conservação. Os materiais eram idênticos aos descritos em Reis
e Êxodo, com o detalhe de que o altar filisteu possuía apenas dois chifres,
enquanto os altares bíblicos quatro.
“Os filisteus são vilões
bíblicos que viviam em torno de Gath durante os séculos 10 e 9 A. C., a era de
Davi e Salomão. Aspectos da cultura filisteia parecem ter sido descritos com
precisão na Bíblia. Por exemplo, os arqueólogos encontraram uma estrutura
maciça com dois pilares semelhante ao templo filisteu da história de Sansão.
Eles também descobriram fragmentos de cerâmica com nomes inscritos que são
semelhantes ao nome Golias, de origem indo-europeia. Os israelitas e cananeus
locais não teriam usado esse nome, mas, obviamente, os filisteus sim”, informou
a jornalista do Hypescience.
Outros detalhes
descobertos dão indícios de que os filisteus comiam cães e porcos, animais
impuros na cultura judaica, e que continuaram a adorar seus próprios deuses.
A pesquisa encontrou
indícios de destruição de Gath por um exército invasor no século IX A. C., o
que corrobora a narrativa do livro dos Reis sobre a conquista da cidade pelo
rei Hazael.
Muro
de Neemias
A Bíblia conta que no
século VI A. C, os babilônios conquistaram reino de Judá e exilou os judeus. O
período de cativeiro se manteve até que a Pérsia derrotasse a Babilônia e
permitisse que os judeus voltassem a Jerusalém.
Nesse retorno, Neemias mobilizou o povo para reconstruir os
muros e as portas de Jerusalém em apenas 52 dias.
A arqueóloga Eilat Mazar
revelou, em 2007, que sua equipe tinha descoberto um muro de 5 metros de
largura que podia ser o de Neemias. Enquanto escavavam, descobriram cerâmica,
selos e outros artefatos que datam dos séculos V ou VI A. C. Como não haviam
materiais do século VII A. C., concluíram que a estrutura foi erguida na mesma
época em que a Bíblia diz que Neemias reconstruiu o muro de Jerusalém.
Fonte: noticias.gospelmais.com.br